quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Interesses.

Kátia,
O exemplo que você deu do Collor é um fato histórico bem brasileiro, ou seja, cheio de peculiaridades difíceis de encontrar paralelo em outros países ou épocas. Vamos lembrar aqui de certas influências que existiram no período (e todos nós sabemos quais foram) e que na minha opinião não seriam toleradas em grande parte do planeta.
Acredito que a vida em sociedade é uma questão de padrão de qualidade. Vamos admitir que depois de séculos de má administração pública, o povo brasileiro simplesmente não tem um padrão alto de educação. Sendo assim, o brasileiro realmente acha que carnaval e viagem para um lugar qualquer nas férias é diversão e qualidade de vida.
Sem um padrão alto, como o povo vai saber que poderia ter muito mais do que tem? Sem um padrão alto, o povo não sabe que pode mudar diariamente a política nacional e não sabe que pode exigir sempre mais. Enfim, achamos que somos fortes e corajosos quando na verdade somos um povo fraco, arrogante, que gasta todo o salário em cerveja e não faz a menor idéia do que os políticos fazem depois que são eleitos.
Nunca teremos nossa “finest hour” se continuarmos a esconder todos os nossos defeitos embaixo de palavras vazias como “povo alegre” e “brasileiro com muito amor”. Um dia fomos capazes de protagonizar episódios políticos memoráveis tais como a Revolução de 1930, as diversas revoltas no Brasil-Colônia e no Brasil republicano, o Estado Novo, a participação na 2ª Guerra Mundial, o golpe militar e a luta contra ele. Hoje somos o país que elege o pipoqueiro como vereador e o Garotinho como Governador.
Sem um padrão alto, o povo brasileiro deve ficar extremamente infeliz com uma situação para querer mudá-la, foi assim com o Collor. A mudança ocorreu e foi exatamente o que o povo queria, afinal alguém em 1992 pensava que sequer existia outra opção? Realmente, desordem existe, mas não deveria ser algo ruim, gostaria que não houvesse tantos interesses sobrepostos ao bem-estar da nação naquele momento.
Todos nós sabemos o que deve ser feito, todos queremos ruas sem buracos, todos queremos segurança, todos queremos que o esgoto não pare na praia. Mas será que os nossos representantes querem o mesmo? Para mim a resposta varia dependendo do interesse.
E a minha influência é a minha avó que há quase 80 anos dá seu sangue, seu suor e suas lágrimas por esse país me lembrando do potencial desse povo, e é o grupo de miseráveis que dorme a céu aberto em ruas mal cuidadas e que me lembra do quanto esse país e essa cidade estão precisando de trabalho duro e gente responsável.
Obrigado pela sua opinião,
Abraços.

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