quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Transporte = Comunicação.

Cabo, satélite, 3G, terminais, GPS, TV digital, dinheiro eletrônico, wi-fi, Internet, e-comércio.
As novas tecnologias são o que possibilitam a vida na metrópole, respondendo ao imperativo da mobilidade, e conformando território híbrido moderno e clássico; físico e virtual. Estamos perante uma nova E-topia em termos urbanos. Seria necessário reinventar os espaços da arquitetura urbana?
A atual produção arquitetônica já nos mostra a transitoriedade cultural em formas flexíveis, efêmeras e desmaterializadas, com paisagens (landscapes) contendo vários estilos ao mesmo tempo. Mas, em um nível mais concreto, são cada vez mais comuns ao redor do mundo desenvolvido, os chamados "smart-spaces", espaços tecnologicamente ricos, inteligentes e interativos, que asseguram a conexão real-virtual.
No futuro da arquitetura urbana, a disponibilidade de informação a qualquer tempo será um atributo, permitindo que as pessoas possam fazer de tudo independente da localização em que se encontram. Para isso, os espaços urbanos devem ganhar em flexibilidade e versatilidade de usos. Essas pessoas, representam uma Homem que progressivamente reformula e amplia suas relações com o espaço da cidade, alterando seus modos de comunicação e pensamento, que acabam por influenciar na sua própria essência.
Parece que com as novas tecnologias o Homem volta ao modelo ancestral do nômade. Todos somos nômades, habitando cartografias múltiplas, simultâneamente distintes e próximas.
As novas tecnologias que surgem são próteses, no sentido em que ampliam a capacidade do homem, mas também alteram sua essência. As tecnologias da comunicação móvel (como o celular) ou física (como o carro) tem reformulado a essência do Homem, e portanto, o estilo de vida urbano e o montante da evolução de novos modos de cidade, e das relações humanas no território.
O transporte rodoviário é a maior rede social do mundo. Uma cidade bem preparada para o século XXI deve considerar o carro como um meio de comunicação, e interação.
Imagine que as pessoas pudessem saber qual o melhor trajeto a se fazer ao sair do trabalho às 18:30. Imagine que o seu carro te informaria ainda a relação entre os carros que determinada rua suporta e os carros que estão naquele momento na rua. Imagine ainda que o seu carro te informaria assim que você o ligasse, onde haveria um acidente, obras na pista, passeatas, ou quaisquer retenções.
As implicações positivas para a administração pública, de um projeto como esse, seriam infinitas. Saber quantos carros exatamente utilizam determinada via pública é sinônimo de grande economia de recursos para a manutenção ou reconstrução dessas vias. Saber quantas pessoas transitam por uma região seria ideal para a disponibilização de segurança adequada, por exemplo.
A questão que sempre acompanha as novas tecnologias é a quebra da privacidade individual. Em um primeiro momento, é precipitado afirmar que a informação ficaria restrita à administração pública, tendo em vista que, por exemplo, a Receita Federal não conseguiu manter o sigilo sobre informações financeiras dos cidadãos.

Um comentário:

Terráqueo disse...

Chegamos a era do Big Brother, nossos telefonemas são grampeados, nossas compras rastreadas, nossos movimentos arquivados em uma rede imensa de computadores. Acabou a privacidade, estamos sempre sendo seguidos. Gostei muito do teu blog. Parabéns pelos textos.